
"Estive por muito tempo perdido sem o saber. Sem fé, a gente é livre e essa é, a princípio, uma sensação agradável. Não existem questões de consciência, nem sujeições, exceto as sujeições impostas pelos costumes, pelas convenções e pela lei, mas estas são bastante flexíveis para a maioria dos propósitos. Só mais tarde é que chega o terror. É-se livre - mas livre em meio do caos, num mundo inexplicado e inexplicável. É-se livre num deserto, do qual não há recuo senão para dentro, para o âmago oco do nosso próprio ser. Nada há sobre que se construir, salvo a pequena rocha de nosso próprio orgulho, e isso é um nada, baseado em nada... Penso, logo sou. Mas que sou eu? Um acidente de desordem, indo para parte alguma..." (Morris West, O Advogado do Diabo)
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"Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar - é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dôr." (Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas)
(...) "Cheio de Deus, não temo o que virá Pois venha o que vier nunca será Maior do que a minha alma." (Fernando Pessoa, Mensagem)