terça-feira, 24 de junho de 2008

“Desde minha fuga, era calando minha revolta (tinha contundência o meu silêncio! Tinha textura a minha raiva!) que eu, a cada passo, me distanciava lá da fazenda, e se acaso distraído eu perguntasse ‘para onde estamos indo? ’ – não importava que eu, erguendo os olhos, alcançasse paisagens muito novas, quem sabe menos ásperas, não importava que eu, caminhando, me conduzisse para regiões cada vez mais afastadas, pois haveria de ouvir claramente de meus anseios um juízo rígido, era um cascalho, um osso rigoroso, desprovido de qualquer dúvida: ‘estamos indo sempre para casa’“.

(Raduan Nassar in Lavoura Arcaica)

3 comentários:

Moacy Cirne disse...

Na lavoura do meu roçado, em se plantando tudo dá, de Raduan a Nassar.

Keila Oliveira disse...

hummmm...
andas inspirado heim...
Boa seleção, você como sempre de um bom gosto literal de dar inveja!
abraço

Mme. S. disse...

Tobias, sua sensibilidade também é tocante. Gostei da sua visita e vim fuçar. Agradabilíssimo, agradabilíssimo. E tem outra coisa: adoro Raduan. Lavoura Arcaica tive de ler duas vezes. Na primeira, foi revelação. Na segunda, ensinamento. Abraço, S.