terça-feira, 11 de agosto de 2009

Californication: o seriado, não a música...


"Fuck".

É tudo o que o escritor fudido Hank Moody consegue botar "no papel" no final de um dia, no primeiro episódio desse seriado. E que episódio... Em meia hora, Hank Moddy... Dois pontos: começa encarando Deus no que deveria ser uma conversa de homem para Homem ("Ok, Big Guy: you and me..."), acorda recebendo um boquete de uma "freira", tem o carro estiloso amassado pelo taco de beisebol de um corno, e, logo em seguida e ainda sem as calças - perdidas na casa da mulher que o acordou chupando-lhe -, vai apanhar a filha para o dia que a custódia limitada lhe permite passar junto a ela... E por aí vai...

Show, o seriado - que não é nenhum lançamento, já terminou inclusive a segunda temporada, mas que só agora eu baixei os episódios e pude assisti-los com mais calma e deleite.

Muito sexo, diálogos rápidos e inteligentes, trilha sonora bem interessante, David Duchovny demonstrando um charme vagabundo impressionante e insuspeito, um quê de prosa moderna e questionamentos urbanos contemporâneos... E alguns clichês a serem aparados (nem tudo é perfeito, é claro), mas tudo encadeado e rico em sentido: a melhor meia hora de um seriado que eu jamais tive o prazer de assistir.

O carinha é um tremendo fazedor de merdas, que aparentemente estragou o seu caso com a loiraça mãe de sua filha e, no mesmo embalo, perdeu o rumo da vida e enfiou-se até as orelhas na esbórnia. Quis fazer estilo, ao que parece, e, tentando fugir de quaisquer clichês, findou sendo ele mesmo um clichê ambulante e vazio. Perdendo o amor da única mulher digna do seriado, ele perdeu também o sentido de sua vidinha, e findou fazendo do cinismo não um meio, mas um fim em si mesmo. Sem sentido, sem literatura: o cara não consegue mais escrever - exceto "Fuck" / "Porra", diria eu.

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